As despesas com defesa têm sido um tópico muito discutido nos últimos anos, especialmente na Europa. Com a crescente ameaça de conflitos e instabilidades geopolíticas em várias partes do mundo, muitos países estão a investir cada vez mais em segurança e defesa. Isso está a beneficiar diretamente as empresas do setor de defesa na Europa, que estão a registar um aumento significativo nas suas receitas e lucros.
Os gastos com defesa representam uma parte substancial do orçamento de muitos países europeus. Segundo dados do Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (SIPRI), os países europeus gastaram coletivamente cerca de €250 bilhões em defesa em 2019, o que representa cerca de 20% do total mundial. Esse aumento no orçamento de defesa é reflexo das crescentes preocupações com a segurança e a estabilidade global, bem como da necessidade de modernização das forças armadas.
Esses gastos estão a impulsionar o crescimento das empresas de defesa na Europa. As grandes empresas do setor, como a Airbus, Thales e BAE Systems, estão a registar um aumento significativo nas suas receitas e encomendas. A Airbus, por exemplo, registou um crescimento de 8% nas suas receitas em 2019, impulsionado principalmente pelas vendas de aeronaves militares. Já a Thales, uma das principais empresas europeias de defesa, registou um aumento nas suas vendas de 5,8% no mesmo ano.
Além das grandes empresas do setor, as pequenas e médias empresas (PMEs) também estão a tirar proveito dessa tendência. Com o aumento dos gastos em defesa, há uma maior demanda por produtos e serviços de empresas especializadas, como tecnologia de ponta, sistemas de cibersegurança e logística militar. Isso está a abrir novas oportunidades de negócios para as PMEs europeias, que muitas vezes são contratadas como fornecedoras de grandes empresas de defesa.
Outro fator que está a impulsionar o crescimento das empresas de defesa na Europa é o aumento da cooperação entre os países membros da União Europeia (UE) em matéria de defesa. A UE está a investir em projetos conjuntos de defesa e segurança, o que está a beneficiar as empresas europeias do setor. Por exemplo, a criação do Fundo Europeu de Defesa (FED) em 2017 visa impulsionar a cooperação entre os países da UE na área da defesa, incentivar a inovação e aumentar a competitividade da indústria europeia de defesa.
Além disso, a UE também está a adotar uma abordagem mais estratégica para as suas capacidades de defesa, criando novas oportunidades para as empresas de defesa europeias. A Comissão Europeia, juntamente com os Estados-Membros, identificou 11 capacidades-chave que a UE precisa desenvolver para fortalecer a sua defesa, incluindo tecnologia espacial, drones e ciberdefesa. Isso significa que as empresas europeias do setor de defesa podem esperar mais encomendas e contratos nos próximos anos.
Os investidores também estão a mostrar um maior interesse nas empresas de defesa europeias. Com o crescimento das receitas e lucros, as empresas do setor estão a apresentar resultados mais sólidos, o que está a atrair o interesse de investidores. Isso também se deve à previsibilidade do setor de defesa, uma vez que os governos costumam ser clientes fiéis e os contratos são de longo prazo.
Nesse sentido, as perspetivas para as empresas de defesa europeias são bastante promissoras. Com o aumento contínuo dos gastos com defesa e as iniciativas de cooperação da UE, espera-se que o setor tenha um crescimento consistente nos próximos anos.